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Burnout – e os impactos para a sociedade

O trabalho pode ser gratificante, mas também sufocante – e não é de hoje.

O personagem Carlitos, interpretado pelo britânico Charles Chaplin em um dos mais marcantes filmes, trabalha na linha de produção de uma fábrica apertando peças metálicas.

A pressão em se setor aumenta: a mando da alta gestão, a velocidade na linha fica mais intensa.

Com certa dificuldade, Carlitos acompanha o ritmo sob o olhar severo de seu gestor direto.

Pouco tempo depois, novas ordens para aumentar a produtividade.

Carlitos parece entrar numa espiral de ansiedade, acaba subindo na esteira e sendo levado para dentro da máquina. “ele é louco”, grita um colega de trabalho.

O episódio dá início a “Tempos modernos”, filme lançado em 1936 que aborda situações cômicas de um universo recém-industrializado.

Na época, a força global de trabalho sentia os impactos da segunda revolução industrial.

O contexto era de baixos salários, ambiente laboral precário e alto índice de desemprego – condições ideais para gerar a confusão mental vivida por Carlitos.

Quase 100 anos mais tarde, a chamada Quarta Revolução Industrial promete uma intensa automatização do trabalho.

A Inteligência artificial e o apoio de robôs deveriam deixar mais tempo para as pessoas se dedicarem às tarefas analíticas e às habilidades humanas.

A evolução nos hábitos de consumo também deveria nos levar a uma rotina mais saudável e flexível, com mais espaço para o ócio.

Por ora, não é o que se vê.

Os anos 2020 deverão ser marcados como aqueles que popularizaram o burnout, ou esgotamento pelo trabalho. O fenômeno é global – e o Brasil, infelizmente, é um dos destaques.

Nos Estados Unidos, 20% da população economicamente ativa sofreu burnout. Numa tradução livre, o termo quer dizer “queimar até o fim “

Episódios de esgotamento são a ponta de lança de um momento global de discussão sobre as formas de trabalho.

Apesar do termo já pipocar pelos escritórios, ser tema de palestras e motivo de afastamento do trabalho, só agora as corporações começaram a quebrar o tabu e a lidar com a questão.

Uma pesquisa mostrou que projetos de saúde mental são prioridade em 2020.

“Mais do que oferecer serviços, as empresas precisam superar a dificuldade de falar sobre o estigma”

Não há um consenso sobre a definição de burnout.

Numa tradução livre, o termo quer dizer “queimar até o fim”sendo relacionado a uma estafa física e mental por excesso de trabalho.

É um tripé.

Quando há novos estímulos constantemente, sem descanso, chega um momento que o cérebro não consegue mais processar as informações.

O burnout ocorre por um efeito cumulativo, mas também tem relação com a quantidade de pressão que o trabalhador aguenta.

Jeffrey Pfeffer, professor de Stanford, autor do livro” Morrendo por um salário”, aponta a insegurança dos empregos como principal fator para gerar crises de burnout.

Talvez por isso, o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com maior incidência de burnout na população economicamente ativa.

 

Fonte: Revista Exame de 19/02/2020.


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