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Ritmo circadiano

Estamos muito acostumados a ouvir falar de ritmo. E cada vez que isto acontece parece inevitável pensarmos em som, em movimento.

Na sabedoria popular o ritmo dá lugar àquilo que pulsa que harmoniza que traz cadência, coloca ordem. E isto parece bem correto.

Ritmo,“rhytmus” palavra de origem grega, significa movimento regrado e medido.

Toda a natureza, incluindo o homem, acompanha os ciclos geofísicos.
Todo este funcionamento pode ser comparado à uma bússola biológica, que nós, seres humanos, também temos conosco. 

Apesar de possuirmos o poder de decisão quanto ao que, como, quando e onde agiremos, criando, assim, nosso próprio ritmo, “não deixamos de na essência pertencermos ao grande sistema da criação” afinal estamos sistematicamente inseridos no Universo. Por tudo isto, o ritmo da vida começou a receber maior atenção.

Pesquisadores constataram que na natureza, em condições ambientais constantes, existe um ritmo espontâneo que se observa em determinados momentos do dia e que determinam variáveis biológicas como “respiração, circulação, digestão, secreções endócrinas, etc”.

No início do século XVIII, Mairan, um astrônomo francês, fez a primeira observação no funcionamento cíclico do abrir e fechar de uma planta e observou que esta dinâmica ocorria em determinadas horas do dia, sob o efeito natural da claridade.

Tentado a confundi-la, colocou-a num quarto escuro e observou que ela manteve o seu ciclo independente da luz ou da escuridão que somente em meados do século XX, com a continuidade destes estudos, sucessivos pesquisadores constataram que plantas e animais possuíam um relógio interno que definia a característica de vida de cada espécie no espaço e no tempo.

Esta constante foi batizada por ritmo circadiano (do latim circa = cerca e dies = dia) e estes estudos se encaixam na ciência da Cronobiologia que “é o estudo dos organismos vivos, com referência ao tempo”.

A cronobiologia nos ensina que existe uma orientação geral que governa o ritmo do universo, que impõe ordem a ele.

A maioria das pessoas prefere acompanhar este ritmo. No entanto, se faz mister respeitar e compreender o ritmo de cada indivíduo revelado por suas necessidades.

Estas, quando respeitadas, promovem o equilíbrio das pessoas. 

O ser humano é uma criatura adaptável. Diante de necessidades de sobreviver ele precisou se adaptar à sua nova postura posicionando-se sobre duas pernas.

Muito antes disto, já teve que se ajustar às leis da gravidade.

Já conviveu em harmonia com as precariedades de uma vida sem conforto como cozinhar na fogueira, iluminar com luz de velas, buscar água no poço, produzir seu próprio alimento até, gradativamente, adequar-se às modernidades que vieram ditar novas formas de viver.

É aceitável pensar que, dentro desta plasticidade vivenciada pelo homem, seu organismo também se ajusta às suas atividades fisiológicas.

O sistema nervoso não é responsável somente pelos processos de adaptação dos seres vivos no espaço como também no tempo, possibilitando, assim, a organização destas adaptações nestes organismos no seu ambiente e na sua “economia interna”.

Em virtude de funcionarmos em sincronia com o ciclo circadiano (relógio biológico) quando a pessoa mantém um ritmo de vida procurando fazer suas refeições, seu trabalho, seu despertar, seu adormecer, sua ginástica, seus estudos, enfim, todos seus afazeres em determinado horário, seu organismo obediente (adaptado) e inteligente, estará sempre pronto para todas estas funções na mesma hora de cada novo dia.

Os ritmos circadianos são constantes na vida de cada e toda pessoa saudável, podendo ser a enfermidade um fator desequilibrante desta ritmicidade.

Diante desta dinâmica pode-se obter, como recompensa, uma economia de energia, pois, o organismo adaptado faz menos esforço para iniciar uma digestão, por exemplo. 

Daí se extrai a importância de se manter um ritmo.

Quando nós invertemos os horários aos quais nos acostumamos para comer, dormir, ir ao banheiro, entre outros hábitos e necessidades, recrutamos do organismo um maior gasto (desnecessário) de energia.

Assim, perdemos o ritmo e este processo é tão maléfico que pode ser largamente observável em pessoas que passam por uma crise pessoal (doença, separação do cônjuge, etc) e que, deprimidas, perdem o ritmo e, a primeira coisa que se observa é o quanto esta pessoa envelhece, por depreciação de seu organismo.


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