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Parto Normal

O Brasil é o país onde mais se realizam cesáreas no mundo. A taxa chega a 84% no sistema privado, quando o recomendado pela OMS – Organização Mundial da Saúde, é 15%. A OMS tem alertado para a epidemia mundial de partos cesarianos e para os seus altos índices de mortalidade materna e infantil registrados, inclusive em países desenvolvidos.

O parto, exceto o de alto risco, é um acontecimento tão natural que a primeira cesárea que se tem notícia na história ocorreu em uma pequena cidade suíça, por volta do ano de 1500. Foi realizada por um homem comum em sua esposa, com a ajuda de algumas parteiras, pois, por alguma razão, a criança não queria sair do ventre da mãe. Antes disso, entretanto, a operação cesariana só era feita após a morte da parturiente com a finalidade de salvar o feto ainda com vida.


Indicações para a realização de cesárea


O parto cirúrgico, como se vê, só é necessário quando há algum risco na gravidez que impeça a gestante de trazer ao mundo uma criança de forma natural. Nenhum outro motivo é suficientemente forte para que a opção da cesariana seja realizada. Por isso, é de fundamental importância o acompanhamento durante todas as etapas do pré-natal.

Indicações Relativas

Placenta envelhecida: A qualidade da placenta isoladamente não tem qualquer significado. Ela só tem significado em conjunto com outros diagnósticos, como a ausência de crescimento do bebê, por exemplo. A maioria das mulheres tem um “envelhecimento” normal e saudável de sua placenta no final da gravidez.

Gestantes portadoras de HIV: O parto normal pode ser feito desde que ela faça um tratamento adequado durante toda a gestação e, no momento do parto, a carga viral for indetectável ou menor do que 1.000 cópias/ml.

Segundo parto: Não há problema algum em realizar um parto normal já tendo feito cesáreas em gestações anteriores. Como regra, o parto normal sempre é mais seguro que a cesariana. No caso do parto normal após cesárea (PNAC), o principal risco é o de ruptura uterina. A taxa de ruptura uterina nos PNACs é de 0,5%. Caso ocorra ruptura, a mulher deve ser imediatamente operada para que o bebê seja retirado e a abertura seja fechada.

Fórceps: A verdade é que o uso do fórceps deve ocorrer em caso de sofrimento fetal agudo ou em casos em que é necessário corrigir a posição da cabeça do feto (distocia de rotação). Muito mais eficiente do que o uso do fórceps é permitir que a mulher fique semi-sentada, com o corpo o mais ereto possível, de preferência de cócoras, para ter força de expulsão.

Ligadura de trompas: Durante a cesárea não é recomendável que se faça a ligadura de trompas, que pode ser feita nas 24 horas subseqüentes após o parto, por meio de uma incisão periumbilical (local de fácil acesso às trompas), com menor risco operatório.

Indicações Formais

  • gestação de gêmeos;
  • bebês acima de 4,5 kg;
  • bebê em posição anormal;exame médico na barriga da grávida
  • bebê com padrões de batimentos cardíacos anormais;
  • descolamento prematuro da placenta;
  • gestante com problemas de hipertensão e diabetes;
  • encurtamento do cordão umbilical;
  • eclampsia ou pré-eclampsia;
  • gestantes portadoras de herpes genital (situação de crise na hora do parto);
  • gestantes portadoras de HIV (se a carga viral na hora do parto for desconhecida ou estiver maior ou igual a 1.000 cópias/ml e a idade gestacional for maior ou igual a 34 semanas).

 


Mitos e Verdades Sobre o Parto Normal

Desempenho sexual comprometido: Atualmente, há comprovação de que a sobrecarga na musculatura pélvica é causada pela gravidez e não pelo parto, e o bom tônus vaginal depende mais de exercícios vaginais do que de intervenções cirúrgicas.

Falta de dilatação: Tecnicamente não existe falta de dilatação nas mulheres. Ela só não acontece quando não é esperado o tempo suficiente. A dilatação do colo do útero é um processo passivo que só acontece com as contrações uterinas fisiológicas.

Bacia estreita: Existem situações não muito comuns em que um bebê é grande demais para a bacia da mulher, ou então está numa posição que não permite seu encaixe. Não mais que 5% dos partos estariam sujeitos a essa condição.

Cordão enrolado: O cordão umbilical é preenchido por uma gelatina elástica, que dá a ele a capacidade de se adaptar a diferentes formas. O oxigênio vem para o bebê através do cordão direto para a corrente sangüínea. Assim, o bebê não fica sufocado pelo cordão umbilical enrolado em seu pescoço, não se fazendo necessária a cesariana por esse motivo

Não entrou ou não teve trabalho de parto: Toda mulher entra em trabalho de parto, mais cedo ou mais tarde. Ela só não vai entrar em trabalho de parto se a operarem antes disso. Somente nos casos de alto risco, devidamente diagnosticados, a cirurgia pode ser necessária.


Vantagens do Parto Normal

É preciso esperar a “hora certa para nascer” – Nos partos marcados com antecedência, com dia e hora para acontecer, a chance de a mãe ter alguma hemorragia é oito vezes maior que no parto normal, pois o útero pode não estar preparado para aquele momento.

Maturidade fetal – O trabalho de parto é um processo físico e hormonal e serve para terminar o amadurecimento do bebê, principalmente seu sistema respiratório, imunológico e nervoso. Nas cesáreas, pré-agendadas, há maior prevalência de bebês prematuros em virtude da indução do trabalho de parto realizada antes da total maturidade fetal.

Segurança para a mãe – Todos os estudos rigorosos comprovam que o parto normal é mais seguro para a gestante e seu bebê. Como não há intervenção cirúrgica, não há riscos de infecções. A cesárea é considerada uma cirurgia “de grande porte”, tendo em vista que sete camadas distintas do abdome são abertas, aumentando a chance de contaminações na cavidade peritoneal, que é hermeticamente isolada, levando a uma significativa perda da resistência do organismo.

Bom para o bebê – Todos os estudos rigorosos comprovam que o parto normal é mais seguro para a gestante e seu – A criança merece vir ao mundo da melhor forma. Com o parto normal, ela está física e psicologicamente preparada para nascer. Batimentos cardíacos e respiração são ajustados à sua nova condição de vida. Quando o bebê passa pelo canal de parto, há uma compressão do tórax que elimina as secreções pulmonares de líquidos localizados nas áreas respiratórias. No parto normal, inclusive, a produção de leite materno será maior do que em uma eventual cesárea. E esse alimento será a primeira fonte de nutrientes do bebê nos seis meses iniciais de vida.

Menor sofrimento – O medo e a insegurança sempre potencializam a dor na hora do parto. Este incômodo nada mais é do que o resultado da contração muscular do útero e da distensão de diversas estruturas do canal do parto. Uma boa preparação, tanto física como psicológica, aumenta os níveis de endorfinas (substância produzida pelo próprio organismo que tem propriedades analgésicas). A dor deixará de existir completamente depois do parto, enquanto na cesárea, sempre feita sob anestesia (geralmente peridural), ela sempre virá após o término de sua ação anestésica, de maneira mais intensa e durante um maior período de tempo. Além do que, também há a possibilidade de reações adversas à anestesia. Caso a dor do parto vaginal seja insuportável, pode-se fazer a analgesia peridural (com baixa dose), em que somente a sensibilidade da mulher é retirada enquanto a parte motora continua a agir.

Amamentação instantânea – O bebê pode ser amamentado já na sala de parto e receber os primeiros carinhos da mãe, tornando ainda mais fortes seus laços afetivos.

Recuperação imediata – Partos normais permitem que as mães deixem o hospital mais rapidamente, enquanto as submetidas a cesáreas permanecem por mais tempo no ambiente hospitalar, sem contar que ainda podem ter febre, hematomas, infecções do trato urinário, do útero ou da ferida cirúrgica, além de paralisia do intestino ou da bexiga, com conseqüente sensação dolorosa que acompanha essas complicações.

Sem cicatriz e sem trauma perineal – Como não há intervenção cirúrgica, não há marca de cicatriz a ser deixada no corpo da mulher. Ao permitir que o bebê nasça vagarosamente, apenas com a força da contração uterina, o períneo tem maior chance de distensão fisiológica e, assim, minimizar a possibilidade de haver laceração e trauma perineal.

Interação entre a mãe e o bebê – Em virtude da recuperação imediata no pós-parto, os vínculos são potencializados. No parto normal a mãe ajuda seu filho a nascer e os dois se relacionam desde o primeiro momento.


Fontes:
• Parto Normal ou Cesárea?, de Simone Grilo Diniz e Ana Cristina Duarte. São Paulo: Unesp.
• Hall, 1999; ICAN, 2003.
• ONG Parto do Princípio – www.partodoprincipio.com.br
• Davi & Kumar, 2003.
• Folheto Abramge – Parto é normal
• Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS


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