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Será que o Zica é culpado pela microcefalia?

Quase dois meses se passaram desde que o Ministério da Saúde estabeleceu a associação entre o vírus zika e o aumento de casos de microcefalia que atinge Estados do Nordeste.

No entanto, cada vez mais surgem dúvidas se o zika, sozinho, é o responsável pelas graves lesões cerebrais que atingem mais de 3.000 bebês no país.

Em entrevista coletiva no dia 8 de janeiro, pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas, da USP, levantaram hipóteses de que há mais caroço nesse angu do que a gente imagina.

Algumas dúvidas básicas: por que o vírus não aumentou a incidência de microcefalia no oeste da África, o seu berço?

Ou por que, no Brasil, os casos de microcefalia se concentram majoritariamente em Pernambuco se, pelas estimativas do Ministério da Saúde, há outras regiões com mais incidência de zika, entre elas São Paulo?

Uma das respostas mais esperadas é se o vírus zika que circula no Brasil, já sabidamente vindo da Ásia, sofreu alguma mutação no DNA que o tornou capaz de provocar danos nas células nervosas.

Os pesquisadores do ICB estão realizando experimentos com camundongos para tentar reproduzir o que ocorre no sistema neurológico dos bebês.

Querem saber, por exemplo, se os danos são causados diretamente pelo vírus ou por algum tipo de reação do sistema imunológico.

Também estudam a interação do zika com os vários subtipos do vírus da dengue que circulam no país.

Citam o exemplo da dengue hemorrágica, que pode ocorrer quando uma pessoa é infectada por dengue pela segunda vez, e há uma reação violenta das células imune contra as células invadidas pelo vírus.

Uma hipótese dos cientistas é que o zika esteja provocando uma reação com efeitos mais graves, no feto do que na grávida que contraiu o vírus.

Há também a suposição de que, talvez, nem seja o zika o responsável pelos casos de microcefalia, mas isso é pouco provável nessa altura.

O fato é que enquanto todos os holofotes estão no zika e na microcefalia, a dengue já chegou com tudo.

Vários infectologistas relatam aumento de casos em seus consultórios e hospitais, mas os dados epidemiológicos consolidados ainda devem demorar um pouco para serem divulgados.

O verão promete.


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