Pai e Filho.
“Se a mãe carrega o filho, é o pai que o nomeia que o apresenta ao mundo como seu filho”
Como a presença do pai faz a diferença no desenvolvimento do filho
Naturalmente, após carregar o filho por tantos meses até seu nascimento, a mãe sente-se mais dona da criança e muitas vezes essa dinâmica de unidade mãe e filho é tão estreita que não abre espaço para o pai.
Nos primeiros meses do recém-nascido, muitos casais chegam a romper o relacionamento, pois o pai passa a assumir uma terceira posição.
A unidade e a cumplicidade com a mulher se modificam com a chegada do filho, o que é saudável.
No momento em que o homem cede lugar à criança recém-chegada é quando também nasce o pai.
“Se a mãe carrega o filho, é o pai que o nomeia que o apresenta ao mundo como seu filho”, explica a psicoterapeuta e diretora do Núcleo de Psicologia Clínica de Curitiba, Tereza Brandão.
Para que esse processo ocorra de maneira harmoniosa, a mãe deve incluir o pai facilitando a sua participação desde a gestação até o parto e mesmo no primeiro ano de vida, quando o bebê necessita de mais atenção devido a sua fragilidade.
“Se a mulher exclui o pai, a criança é prejudicada, pois o filho é o pai e a mãe”, diz Tereza.
Entretanto, da mesma maneira em que o pai precisa dar lugar ao filho, a mãe deve ceder lugar ao pai, pois quando nasce a criança nasce a família.
Antes de o bebê vir a este mundo eles ainda são parceiros, mas com a chegada da criança surge uma família.
Resgate
À medida que a criança muda de fase, os adultos repassam as suas histórias. “Eles atualizam a sua história através do processo de desenvolvimento e crescimento do filho”, ressalta Tereza.
Essa situação, entretanto, se torna desafiadora quando os traumas dos pais ressurgem na lembrança ao lidar com a criança, inclusive porque as emoções são muito intensas.
“Enquanto pais, estamos desafiados a lidar com nossas emoções e sentimentos e crescer emocionalmente”, conta Tereza.
Segundo a psicóloga, os registros que os pais vão resolvendo permitem uma evolução de uma consciência amorosa e de uma qualidade amorosa na relação com os filhos.
“É como se o adulto pudesse resgatar o amor por si mesmo. Ele pode reparar aquilo para ele e para a criança”, esclarece.
O pai compassivo desenvolve a empatia e consegue sentir aquilo que o filho está vivendo, o que resulta em uma relação harmoniosa.
Já o pai severo precisa verificar suas memórias, como ele está em relação a própria história, pois está repetindo padrões e não consegue atualizar seu comportamento no presente.
Reconexão
O homem, ao se reconectar com a criança que foi, com a memória de uma criança livre, é o que dá sustentação para o movimento de confiança e paz.
Esse masculino sensível e amoroso é condição de consciência de paz para o mundo.
De acordo com Tereza, terapeuticamente, o homem necessita reconstruir essa integridade com o seu ser essencial, pois quando ele lida com o que está acontecendo agora é diferente de quando lida com o que aconteceu.
Para se reconectar consigo mesmo e, consequentemente, se abrir para uma relação de amor com o filho, o pai necessita voltar o seu olhar para as situações de desarmonia de sua infância até o momento presente.